A historiografia nos traz um mito de que a idade média era a idade das trevas/atraso mental, logo desmistificar este péssimo conceito/mito é importante para entender e compreender este período saindo desta construção preconceituosa. Cada corrente historiográfica analisa ou analisou o período da idade média de acordo com seu tempo, dentro de seu contexto cultural, econômico e social. “A Idade Média para os renascentistas e iluministas já se referira ao período anterior como de Tenebrae: nascia o mito historiográfico da idade das trevas… (FRANCO,2001) ”
Renascentismo e o iluminismo foram momentos em que a razão explica os fatos que eram relativos ou justificados ao divino, essas ideias místicas caem por fim, condenado o misticismo religioso da idade média e buscando inspiração na antiguidade clássica grego romana daí tudo o que era ligado ao misticismo religioso, onde a igreja dominava a cultura (teocentrismo), é tido pelo renascimento como um período de atrás (barbárie, ignorância)o. Surgindo assim o mito de período de escuridão, trevas…a salvação do mundo é o pensamento renascentista (naquele momento), onde tudo é comprovado pelas tentativas de acerto e erro, o que antes era “mistério da fé” a razão vai provar através da ciência. “Para Voltaire (1964-1778), os papas eram símbolos de fanatismo e do atraso daquela fase histórica…” (Franco,2001)
O romantismo do século XIX valorizava a burguesia, dando ênfase ao nacionalismo com a Revolução Francesa. Mesmo com uma certa mudança, o preconceito continuava, mas agora com uma exaltação romantizada (que a época pedia). Com as invasões de Napoleão as pessoas começam a perceber a importância de se valorizar sua história, sua cultura…daí começa se a supervalorizar o passado medieval e a algumas figuras que participaram da história daquela localidade. Algo importante é o fato que os românticos modificaram concepções, criando sua própria idade média…justamente pela exaltação que os românticos faziam ao seu passado medieval começaram a reconstruir r vários monumentos, palácios neogóticos…
No século XX a historiografia passa a olhar com seus próprios olhares, mas com certo risco de se cair no anacronismo, já que não se viveu aquele momento, nós não podemos ver a idade média com os olhos dela própria. Neste período apresenta se uma divisão da idade média: primeira, a alta, central e a baixa idade média. Este período foi marcado pela junção do império e a igreja fortalecendo a economia e a expansão cristão sobre os territórios pagãos.
Sociedade hierarquizada, dívida em 3 ordens (clero, nobres e servos/camponeses) “assim na terra como no céu”, onde a terra é o espelho do céu; sociedade relativamente imóvel com exceções de ascensão social. Enquanto no Império romano o poder era centralizado, na idade média se tem a pulverização do poder político nas mãos dos senhores feudais, limitando apenas em seu território (em seus castelos, em suas terras, com seus servos…) até o momento que se inicia a idade moderna e estes proprietários terminaram se rendendo ao estado nacional monárquico; partindo dessas relações teremos as vassalagens, a pessoa que recebe aquele feudo passa a ser vassalo de quem doou (suserano) gerando também as subvassalagens, um pouco complicado de explicar, mas para alguns historiadores este teria sido “um dos motivos” que contribui para a crise do feudalismo.
Economicamente sociedade agrícola, com a presença tímida do comércio: sempre houve mercadores que vendiam suas mercadorias de feudo em feudo, mas era basicamente agrária, onde a propriedade feudal era dividia em partes (partes para os servos cultivarem, partes para os senhores…); servos pagavam impostos para os senhores feudais; existia uma variação nas características feudais, nem sempre houve uma homogeneidade, variando de região para região – exemplo, determinadas regiões eram adeptas das Primas note (Latim: jus primae noctis).
Predominância da força da igreja na formação cultural da época: a igreja conseguiu preservar a história, através dos monges copistas, mesmo com erros gravíssimos cometidos, se hoje conseguimos estudar este período é porque houve a preservação desses registros. Olhar para estas questões com o cuidado e observando os dois lados é importante para a compreensão deste período.
E finalizando, deixamos aqui a dica de leitura de Hilario Franco Junior – O Nascimento do Ocidente, muito enriquecedora. Especialista em Idade Média ocidental, seus interesses estão voltados particularmente para a cultura, a sensibilidade coletiva e a mitologia daquele período, bem como para as reflexões teóricas que fundamentam tais pesquisas.
Aproveitem a leitura!
Fonte:
FRANCO JÚNIOR, Hilário. Idade Média. O Nascimento do Ocidente. São Paulo, Brasiliense, 2001. Disponível em: http://www.letras.ufrj.br/veralima/historia_arte/Hilario-Franco-Jr-A-Idade-Media-PDF.pdf
https://www.escavador.com/sobre/3062169/hilario-franco-junior